quarta-feira, 26 de setembro de 2007

As âncoras de almadrava


São milhares de âncoras imensas, arrumadinhas no porto. Os pesqueiros levam 20, 25 cada vez q saem. Quando fisgam o albacora, amarram com uma ou duas dessas âncoras de 100 quilos cada, deixam uma bóia de arinque e vão embora atrás de mais. Na volta, 2 ou 3 dias dpois, o albacora já cansou e os pescadores conseguem embarcá-lo, junto com as âncoras, q voltam para o pátio do porto com cheiro de craca.

terça-feira, 24 de julho de 2007

4 de julho




Quando clareou, já avistamos nosso último porto. Estamos tão contentes de chegar q até tomamos banho e colocamos roupa de gala, limpinha. Depois de uma atracação bem assistida (deus lhes pague) amarramos o cat intacto em sua própria vaga. Missão cumprida. Agora q a viagem chega ao fim, tenho muito q agradecer aos queridos amigos Marcelo e Maura, pelo convite tão carinhoso, pela viagem maravilhosa e pela boa disposição até o final. Fica tb a minha admiração pela coragem, pela valentia e pela boa vontade em todos os momentos; além da torcida para que Lo Tengo Todo possa melhorar e aproveitar esse barco tão lindo, q veio sobrando naquele mar.

O Mediterrâneo


Depois de atravessar o mar e passar o Estreito, queremos chegar logo. Já está decidido q ñ podemos parar em Ibiza. Vamos direto para a Marina, para entregar o barco a seu dono. A lua cheia nasce amarela, como se explodisse no mar. Ouvimos a previsão de uma baixa com centro em Menorca e começamos a sentir o vento aumentar em frente ao Rio Ebro. É um vento famoso, típico do Mediterrâneo, q até o pai da Má já temia, nos idos de quando pescava no Cantábrico. Nossa última noite foi tb a de mais vento. Passamos surfando pelo canal de Ibiza, dois dias antes de um imenso derramamento de óleo, q interditou todas as praias em plena temporada.

Gibraltar, o Penhasco Inóspito


Enclave britânico em terras mouras, onde a Europa se estica, como se quisesse tocar a Mãe África.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

1 de julho



Amanhece um domingo de sol, sentamos para o café, mas o Capitão liga os motores e desamarra. São 20nm a Tarifa, na entrada do Estreito de Gibraltar. A previsão indica vento W, F3 ou 4. Vamos com a grande no primeiro rizo e a genoa aberta. Logo o vento vai para F5 e temos q fechar mais um rizo na grande e enrolar metade da genoa. Ao avistarmos o penhasco, temos uma corrente de 2kts de popa e vento W F6. O Capitão pede para fecharmos a genoa e liga os 2 motores ao mm tempo, é um momento solene. Vamos para dentro do Mediterrâneo! O mar está cheio de carneirinhos brancos. O Marcelo quer colocar o terceiro rizo na grande, mas a tala engancha no estai de BE e a vela não desce. Sou convidada para minha primeira visita ao mastro. O penhasco cresce, lindo, de pedra em contraste com o céu azul, sem nuvens. Querem q eu suba a vela para o Ricardo puxar lá da popa e assim, ver se a tala desengancha. Se soltar, tenho q desadriçar rápido para a vela descer antes de enganchar de novo, com esse ventinho de popa. “Está batendo 40kts!”, avisa o Marcelo com emoção, o q dá um toque de Hollywood à manobra. Não sei qual é a adriça da grande, mm depois de 9 dias a bordo, mas o Ricardo indica q é o branco. A manicaca está bem à mão, no mastro. Não sou nada boa para adriçar velas, mas recebo gritos de incentivo: “vai, muié, força nesse braço!” “Mais energia, tem q comer mais feijão!” Na primeira tentativa, a vela voltou a enganchar antes de descer, mas na segunda, fomos bem sucedidos: a tala desenganchou e colocamos o terceiro rizo, já de cara com o penhasco. Com vento e corrente empurrando, nosso SOG bate o recorde de 10.5kts, o cat se encontra a si mm e festeja. Passamos rápido pelas ruínas de Hércules a BB e os predinhos de Tânger a BE. A África está logo ali. Não podemos nos aproximar de terra pq pode ser perigoso para o barco, mas tb não devemos nos afastar muito, para não entrar no corredor dos navios. Apesar dos perigos, vou pegar a câmera para não perder este momento raro, em que a Europa quase se encosta na Mãe África. O Estreito tem só 10nm e logo, o penhasco fica na popa. O vento continua firme e abrimos meia genoa para aproveitar o impulso, ainda com a grande toda rizada. Apagamos os motores e o barco navega em silêncio.

30 de junho


Saímos para beber. Na viagem, fica claro q o uso (e abuso) do álcool é bem aceito e até estimulado nestes países onde predomina a fé católica. Em muitos círculos sociais, embebedar-se é sinônimo de divertir-se.

29 de junho


Às 15:00hrs, entramos na Marina de Barbate. Pegamos uma vaga ao lado do LePardy q estava em Horta, de uma família de Toronto. Teremos q esperar 2 ou 3 dias aqui. No domingo, deve entrar vento W, q eles chamam de Poniente. Barbate no primeiro dia das férias de verão ferve, tem supermercado, internet e restaurante. É um balneário comparável, talvez, a Praia Grande no litoral sul de São Paulo, onde milhares de famílias espanholas passam as férias de verão. A Marina é ali mm, bem na cidade, ao lado do porto pesqueiro, maravilhoso. Aqui predomina a pesca do albacora (atum), um bicho gigante, de 400, 500 quilos... Eles amarram a isca com umas âncoras imensas, levam umas 20 na coberta, quando saem para trabalhar. Chama-se almadrava essa técnica de pesca. Apesar das paisagens tão lindas, da lua cheia novamente e dos belos pesqueiros, minha melhor lembrança de Barbate foi voltar a comer peixe. Numa travessia assim, é preciso adaptar-se, mas ao chegar em terra, voltamos correndo aos velhos hábitos.

28 de junho


Com os 2 motores e os 2 pilotos funcionando, a tripulação descansada e bem alimentada, navegamos o dia todo com vento fraco e mar calmo. À noite, a previsão anunciou Levante no Estreito, de 25kts. Não podemos atravessar assim, teremos q esperar.

domingo, 8 de julho de 2007

28 de junho


O Ricardo me acordou às 05:45, com o dia clareando, molhado de sal, contente, com o cabo na mão, desenroscado do leme e da rabeta, pronto para a ave maria da manhã. Aproveitamos a ancoragem para fazer um café completo, na mesa, com frutas, cereais, café com leite, pão quente, manteiga e queijo. O Marcelo ressuscitou o 7mil, assim damos uma folga ao 6mil, q vem trazendo o barco sozinho há muitos dias. Saímos motorando pela Baía de Lagos. Este delivery acaba de se transformar em charter turístico pela costa sul de Portugal, de penhascos vermelhos desenhados pelas ondas e predinhos brancos. Podemos ir lá fora, conseguimos adoçar o cockpit na parada. Reina a paz, os 3 foram dormir lá embaixo nas cabines e, pela primeira vez, deixam o barco na minha mão. Vou desviando das redes, dando um toquinho no 7mil. É incrível q seja o mm mar q nos deu aquela surra ainda ontem, hoje está plácido. Temos 0.7kts de corrente, q nos empurra ao Estreito. Faltam ainda umas 16 horas para a fronteira espanhola. Na novela do rádio de hoje, um veleiro pediu May Day ali fora do Cabo de San Vicente, foi aquele rebuliço no canal 16. A última notícia q ouvimos dava conta d q um navio já estava avistando o veleiro, flutuando, e seus 3 tripulantes na coberta. Depois, ñ soubemos mais nada. As novelas do rádio a bordo ñ são prós como as da Globo: sempre têm “meio”, mas freqüentemente falta o começo, e quase nunca têm fim.

sábado, 7 de julho de 2007

Terra à vista


Depois de dois dias de vento F7, com o barco mergulhando a proa a cada onda, às 19:00 do dia 27, avistamos terra. Todo mundo conhece o sentimento de ver terra dpois de muitos dias no mar, de livros, filmes. O barco está surrado, não podemos ligar o motor de boreste pq enroscou um cabo no hélice, o chão está salgado, a luminária caindo, o teto solto, a tripulação sofrida, com sono, dor no corpo, as ondas altas ainda cobrindo o barco cansado, mas a terra aparece no meio da neblina. É terra mm! O Cabo de São Vicente, tão falado desde o século XVI. É ele! Então, os eletrônicos estavam corretos. Conseguimos trazer o barco até a Europa. Já dá para ver as escarpas, e o farol. É o continente. Olha a Escola de Sagres! O farol acende quando passamos. Há mais de 500 anos, os navegadores partem daqui, cheios de alegria e esperança; e chegam aqui, cansados, molhados e contentes da missão cumprida.
Precisamos parar para desenroscar o cabo do hélice. Entramos na Baía de Lagos, perto de Portimão. Abrigo total, o mar vira piscina. Lentamente, o barco vai parando, somente 6mts embaixo da quilha. Desce a corrente, uma rezinha de nada, e estamos ancorados, em silêncio.

26 de junho


Sinto muito, mas ñ consigo escrever. Com o vento em 25/30kts, o mar levantou e voltei a ser eu mm: divido o tempo entre passar mal, comer alguma coisa e deitar para tentar melhorar. O mar ficou LINDO, porém malvado. A Maura definiu bem, ao dizer: "o mar levantou e você morreu". As ondas vêm pelo costado e cobrem nosso teto, o barco está todo fechado. Os janelões da cozinha chegam a ficar submersos, mas logo a proa levanta e faz escorrer o mar pelos costados. Minha cabeça gira e tenho q me segurar para andar. O espetáculo é grandioso, pena q nem consigo admirar. O cockpit ficou intransitável, com pelo menos um palmo de água salgada, q custa a escoar. Em compensação, nossa singradura alcança 160, um assombro(!). E o cat vai sobrando, com essa cara zangada de Fountaine Pajot.

25 de junho


Apesar das CBs mais pra lá, estou escrevendo no sol. Sei q devo evitar carregar sal para dentro do barco, mas ñ consigo resistir, adoro ficar no cockpit. Estou hipnotizada pelo mar. O Ricardo hoje voltou a exclamar: “Q saudade do Alain!” E dpois fala de mim... Não perco de vista q esta é uma oportunidade única que ganhei, de fazer esta travessia em um barco tão bacana. Hoje cedo, o medidor marcou 20kts de vento verdadeiro, e o barco se mostra feliz, subindo e descendo as ondinhas todo valente. A verdade é q está sobrando barco. Gostaria de nadar neste mar de 3400mts, mas ainda ñ encontrei a chance. Meus olhos se perdem em sonhos fantásticos, quero criar desejo, desassossego q ñ passe nem correndo, nem dormindo.

Domingo, 24 de junho


Quando acordei de manhã, vi as velas rizadas. Agora, o vento está F3/4 NNW, mas parece q chegou a 30kts durante a noite, enquanto eu dormia. Tiramos os rizos, o barco se movimenta lindamente, faz aquele barulho da água batendo e depois, chuáááá... Está subindo um pouco de mar na proa, tivemos q fechar as gaiútas para ñ molhar. Surgiram novas estórias de barcos à deriva, motores q ñ funcionam e outras tragédias. Consigo perceber q não faltam motivos de preocupação, mas continuo nesse estado tão agradável de total irresponsabilidade. Temos um almoço comemorativo, com o delicioso atum do Sr. Mário, salada e purê de batatas. Obrigada, querido, estava mesmo uma delícia! A pressão caiu para 1021.

23 de junho


Amanheceu nublado, motores ligados. Às 10:00, entrou um WNW F3 e o Capitão concordou em desligar os motores para experimentar. Velejamos até as 17:00 em asa de pombo, SOG médio de 5.6kts. Lindo. O mar ficou crespinho, com poucos carneirinhos espalhados. Ganhei um turno de prêmio, das 17:00 às 20:00, a pressão caiu para 1022. Continuamos a perder latitude, até demais. Mas tudo bem, não tenho pressa de chegar a nenhum lugar. Está bom aqui.

22 de junho


Às 09:59 falei com a Tina, do Enjoy, para pegar a previsão: 8kts SW. Mar calmo, de longos rolões. A pressão, que estava em 1028 ontem, caiu para 1027 hoje. Estamos bem no meio de uma "alta", típica aqui nesta época. Ontem na Rueda, rolou mais uma novela dessas q só têm a parte do meio: o Paulo, velejando com a mulher, achou um veleiro à deriva, de aço, chamado Coiros, bandeira inglesa, velas vermelhas em farrapos, gaiútas e vigias abertas, luzes de navegação acesas e bem fraquinhas. Chamou pelo rádio e nada. Encostou no contrabordo e gritou, mas ñ apareceu ninguém. Decidiu ir embora. Fica o mistério. O q teria acontecido com os tripulantes? Mas acho q eu tb ñ teria entrado. O comentário geral é q se fossem franceses, certamente teriam entrado para ver o q havia de bom para roubar no tal Coiros. Não fico chocada. Assim tb fazem os meninos pobres, quando algum caminhão capota na Dutra. A moral cristã faz mais sentido em campanha eleitoral do q no mar. Mas essa estória do Coiros desatou outras. Uma de um casal, ele navegador e ela fazendo sua primeira travessia. Quando ela acordou de madrugada para o turno, ele ñ estava mais lá. Ela foi achada 3 dias dpois (pelos logs de bordo) sentadinha num canto do cockpit, em estado de choque. Os especialistas acharam traços de um choque com baleia. Mas a moça teve sorte. Quando foi achada, prevaleceu a moral cristã à lei do mar. Outra estória foi de 2 casais velejando em um catamaran (mm setup q nós), lá no Caribe. Parece q há um erro na Carta, q ñ mostra um rochedo em forma de ferradura (Cayo Herradura). Dizem q é um lugar lindo, q forma uma piscina calma, com ondas quebrando logo ali fora. Parece q muitos sabem do erro na Carta, mas esse catamaran ñ sabia e bateu no rochedo. Dos 4 a bordo, morreram 3 e uma ficou ferida. Por que morreram? Pq ñ seguiram a regrra do Wilfrredo. No barrco do Wilfrredo, ninguém dorme de cabeça para a prroa. Enfim, contam q havia vários barcos ancorados na piscina e as tripulações acordaram com o barulho do impacto. Enquanto discutiam sobre como ajudar, assistiram a um tétrico espetáculo de aplicação da lei do mar. Um dinghy abordou o cat acidentado e dois franceses entraram no barco, enquanto um terceiro ficou no dinghy. Rapidamente, os 2 foram passando de tudo: eletrônicos, equipamentos, roupas de tempo, motorzinho de popa et al. Com o dinghy cheio, os 3 voltaram para seu veleiro e se mandaram em silêncio, ainda no escuro da noite. Nossos amigos latinoamerinacos ñ conseguiram mais dormir e qdo clareou, foram lá para socorrer a ferida e constatar a morte dos outros 3. A família q socorreu a moça ferida ficou 3 meses retida para responder a um inquérito da polícia marítima. Dos franceses, ñ se soube mais nada. Talvez nem fossem franceses, mas a fama... Estamos boiando, o vento real é 0.0. Estamos concorrendo para o recorde de travessia lenta em catamaran. O 6mil continua levando o barco sozinho, frio. É belo o Atlântico Norte, especialmente quando o sol se põe. Ficamos sentados no último degrau da escada, com os pezinhos na água: 2479mts de profundidade. Hoje apareceu uma baleia, mas foi logo embora. Continuo encantada com este barco maravilhoso, mm com os 3 me ameaçando d q eu "vou ver só" quando virar o tempo.

sábado, 30 de junho de 2007

Cat não orça.


Ah, não? Então, vejam como anda com a grande no primeiro rizo, genoa 110 e motores desligados(!):

O Barco


Falta falar do barco, maravilhoso, os objetos ficam parados em cima da mesa, da bancada. O fogão nem prende as panelas, ñ precisa. A cesta de frutas ñ cai, a xícara de chá quente ñ cai, pode até esquecer o copo cheio na mesinha de cabeceira q ele ñ cai, e vai nos mesmos lugares q um monocasco; é veleiro também! Não consigo entender por q o Francisquete (meu amigo!) nunca me explicou isso?! Acabei de fazer minha seqüência de yoga no cockpit, inclusive os exercícios de equilíbrio, em plena velejada. Queria ver no monocasco! O dono deste cat recebeu o apelido carinhoso de “Lo Tiene Todo”, porque leva aqui dentro toda sorte de objetos. Seguem apenas alguns exemplos: um desfibrilador cardíaco, um dvd player reserva (vai q pifa o principal), uma enciclopédia inteira de clássicos do mar, incluindo O Corsário Negro, Os Piratas da Malásia e outros hits, umas 80 garrafas de vinho, fora as q já ajudamos a consumir, umas 300 latas de refrigerante, 5 bujões de gás, uma dúzia de latas grandes de confit de canard, litros de xampu e condicionador etc., etc., etc.... E das coisas de barco: 2 motores, 2 eólicos, montes de placas solares, gerador, dessalinizador, 2 pilotos, 2 radares, 2 gps-chart, montes de velas, 2 botes, 2 motores de popa e a lista ñ termina mais... Para mim, é um luxo, melhor q hotel. A bússola é um caso à parte, Finland, super precisa, responde na hora, fosforesce. Lá dentro, cada casal ficou com uma banana, a nossa é a de boreste. Temos nossa cabine de proa (legal qdo liga o motor de boreste) e a de popa, enorme, banheiro lindo com uma gaiúta enorme para ficar olhando os peixes. A Maura ñ se conforma q eu queira ficar lá fora o tempo todo, com esse salão maravilhoso, super confortável lá dentro, mas estou hipnotizada pelo mar sem fim, a lua crescendo para ficar cheia.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Foto nossa


Peço desculpas, preciso de uma internet melhor e prometo novas fotos do mar lindo.

Vida dura à bordo

21 de junho


Não faço turnos, até me ofereci, mas não. Assim, ñ tenho nenhuma preocupação a bordo. Nosso 7mil pifou, parece q por interferência do SSB. Ficamos só com o 6mil, q vem levando o barco sozinho. De resto, tudo funciona perfeitamente. Mar liso, vento de 6kts WSW, como dizia a previsão. Chegou o verão no Atlântico Norte. Saímos com pressão em 1021, e só subiu, para 1023, 1025 e agora, 1027. Não estamos sós, sabemos q o Jonense, aquele caco velho dos argentinos está um dia à nossa frente. Há um monocasco grande tb por aqui, umas duas milhas à frente, seguindo um rumo parecido. Não paro de gabar o conforto do catamaran, mas a diversão dos 3 aqui é dizer q eu ainda “ñ vi nada”, q eu vou “ver só” quando fechar o tempo e o catamaran mostrar sua outra face, o movimento desconjuntado e os barulhos assustadores. Entendo q deve ser divertido mm dizer essas coisas para quem nunca fez nenhuma travessia. Mas estou adorando ñ ter nenhuma responsabilidade. Essa é a última terra q veremos até o continente europeu, a ilha de São Miguel.

Por que Açores?


Porque eles são portugueses. Confundiram-se, ora pois.
Bem humorados, contam q os primeiros gajos q chegaram ali só encontraram uns pássaros, q ainda hoje se chamam garajaus (parecidos ao nosso atobá) q gritam, sobretudo à noite, mais quando vai fazer bom tempo. Mas eles pensaram q fossem açores (outro pássaro totalmente diferente) e assim ficou. Cada vez q queriam referir-se às tais ilhas, diziam aquelas dos açores.
São engraçados os portugueses, mas verdade seja dita, são tb grandes navegadores, q navegam por gosto, saber e tradição.

20 de junho à tarde


Mar liso, espelho para o capitão fazer a barba. Montes de golfinhos rotando fora d´água, mas ninguém se interessou: os 3 “já estão cansados” de ver golfinhos. O capitão me deixou 4 horinhas no leme para dar uma folga ao 6mil. O leme deste barco é encantador, um instrumento de precisão, calmo, sensível, responde na hora. Claro, sem menosprezar o do Swister, fantástico, mas é q este é calmo, não tem aquele resfolegar inquieto dos puro-sangues.

Desamarramos


Dia 20 às 13:00 hrs.

O Barco


É mesmo um barco de bacana. Tem essa cara de zangado dos Fountaine Pajot, mas é fantástico. Quero uma explicação do meu amigo Francisquete: como nunca me explicou q catamaran tb é veleiro? A diferença é q, ao contrário dos monocascos, o chão nunca vira parede, os objetos não se transformam em projéteis e não atacam os tripulantes. Ninguém precisa se segurar para caminhar, o copo fica quieto na mesa. Com pouco vento, anda tb, e vai aos mesmos lugares q os monocascos!! Com o maior conforto!

Outra Última de Faial


Saí emocionada de Faial, esta ilha maravilhosa. Soube aqui q elas são todas primas: Noronha, Cape Verdes, Açores e Canárias. Agora, preciso de tempo, e um barco para conhecê-las melhor, de perto, com calma.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

A última de Faial

A Despedida de Faial

Estamos prontos para desamarrar o barco e ir para o mar. Planejamos chegar a Barcelona em 18 dias (uns a mais, uns a menos). Vou me despedir emocionada desta ilha maravilhosa e dos meus amigos açorianos tão queridos. Agora tenho família aqui: meus tios queridos, o Sr. Mário e a D. Maria Alice, q tto me cuidaram todos estes dias, e os lindinhos Sandra e Luis.
Sei q prometi muitas fotos deste barco maravilhoso e ñ vou falhar, mas certamente vou tardar. Agora mesmo, aqui fora da Marina da Horta, a internet já está bem péssima. Mas vou fazendo os textos e preparando as fotos, até poder postar.
Esta é uma oportunidade linda, nunca pensei q poderia um dia fazer esta travessia com um barco assim, tão maravilhoso. Não vejo a hora de ver como este oceano imenso se aperta no penhasco para encontrar o azul impossível do Mediterrâneo. Estamos muito felizes e confiamos no nosso barco.
Tentei postar a última foto do Faial, mas ñ deu. Pls bear with me.
O mar está lindo!

domingo, 17 de junho de 2007

Os 3


já mais tarde, bebendo gin tônica no Peter, rodada da casa para os velejadores. Linda noite, clima de muita alegria! O barco é mm maravilhoso, prometo muitas fotos para logo. Chegou lindo, inteiro, com tudo funcionando perfeitamente bem. Mas então, aposto q se perguntam, por q demoraram tto? Ainda vou averiguar melhor, mas, à primeira vista, parece q os caras são ruins de vela mm. Sem nem Luiz, nem Ceará, nem Patrick, dá nisso: singradura de 115 pra menos. Uma vergonha! Espero q nada disso chegue aos ouvidos do Sr. Alain.

O Ricardo veio


no botinho chique do Lo Tiene Todo, para me buscar no cais. Vou lembrar por muito tempo da alegria desse momento, looongo, com o botinho se aproximando devagar. Ainda tive tempo de pensar em segurar os cavalos e embarcar com cuidado... para evitar o caldo.

Fiquei muito feliz


Fui acompanhando com a câmera, as pilhas acabaram bem na hora. Quem mandou comprar na chinesa! No hiper, mesmo as chinesas são boas, mas na chinesa, até as boas são chinesas. Todos os "meus amigos" da Marina compartilharam da alegria, os polícias da imigração, os frentistas do posto, os canoeiros, o mergulhador, os iatistas. Todos tinham me visto ali na muretinha, horas olhando o horizonte. A chegada de um barco é uma alegria simples, fácil de entender, enorme. Jogaram o ferro, lá no meio, nunca encostaram no cais...

Mais uma, vai


Essa cara típica dos Fountaine Pajot, dois eólicos! São eles! Têm 3 na coberta. Só podem ser! Finalmente, chegaram! Com certeza, são eles!

A primeira imagem


Sábado, passei o dia todo sentada na muretinha, mas às 16:00, já estava com muito frio e tive q voltar ao hotel para pôr mais roupa. Da janela, vi chegando...

sábado, 16 de junho de 2007

CHEGARAM

Chegaram! Chegaram! Vi da janela, aquele catamaran entrando no canal. Lindo! Tirei fotos, prometo postar dpois, mas agora ñ dá. Estou muito excitada, até com a garganta seca. O barco está lindo! Os 3 estão lindos, o barco está aqui, no ferro. Estamos felizes, contentes, tudo lindo! Prometo colocar fotos assim q der. Mais uma vez, obrigada pelos carinhos todos. A chuva continua, mas nem ligo...

Ale, D, Lili, Luiz e Elora


Essa vai pra vcs, queridos, q me fizeram chorar aqui sozinha, com seus recados tão amorosos, obrigada pelo consolo e pelo carinho...
A foto nem faz jus ao lugar: é a Caldeira, um precicípio impressionante, com piscinas de lava lá embaixo. Segundo consta, cada piscina tem a forma de uma ilha dos Açores, na foto aparecem as ilhas de São Miguel (a maiorzona), Faial (essa meio redonda) e São Jorge (compridinha). As outras 6 ficaram escondidas atrás das nuvens, q ñ passam, moram aqui...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Barcos vêm, barcos vão


Com ventos W de 20kts, a Marina ficou mm bem animada. Hoje, chegaram 8 barcos e partiram 5. Todos correndo para aproveitar o vento, q já está rondando para N, com previsão de chegar a 25kts esta noite. Ainda há pouco lá na Marina, perdi a paciência com o oficial operador de rádio, q chama, chama, e ñ consegue nunca uma resposta deles. Catei o rádio dele, achando q o problema era o sotaque. Mas ñ, nem com o meu melhor brasileiro, ñ veio resposta nenhuma. Não há de ser nada, já devem estar logo ali, dobrando a esquina...

Bela Roubada

Uns amigos ingleses aposentados convidaram para ir whale watching com eles. Eu disse q ñ dava, q era muito caro, mas eles insistiram, ofereceram, pagaram e trouxeram o meu ticket hoje no café. Vencida, aceitei. No cais, estava o nosso guia esperando, com um bote inflável de 2 motores, um de 15hp.
_Q roubada!
_Como disse?
_Pardon me?
Não sei traduzir “q roubada” nem para inglês, q dirá para português!
_Nada não.
O guia distribuiu coletes salva-vidas.
_Protegem da hipotermia?
(ha ha ha) Barulhamos uns 20 minutos e chegamos a um pedaço de mar, até liso para o padrão açoriano. Minuto a minuto, a previsão se confirmava: roubada não, roubadaça! Quem está pensando em se aventurar tb, saiba q para cada minuto de whale watching, tem pelo menos meia hora de whale waiting. Vieram golfinhos, daqueles q chamam toninhas em Ubatuba, q tem de monte em Noronha. Os ingleses se excitaram, e começaram a dar gritinhos e fotografar. Sorte de vcs q eu esqueci a câmera, senão teriam q ver aquele monte de fotos de puro mar, e ainda concordar q dá, sim, para ver uns golfinhos lá no fundo... Muito tempo depois, vimos dois rabos de cachalotes, um maior e outro menor, uns 100 metros mais pra lá.
_Let´s go closer! Come on! Can we?
Ora, até mineiro sabe q aproximar um barco de baleias é burrice; imagine um inflável cheio de velhinhos! Só mm em Portugal. Lá fomos nós. Ainda bem q as cachalotes se mandaram. Só vimos mais uma esguichada e depois, nada. Outra meia hora de whale waiting, agora sem nem toninhas, e os ingleses se deram por satisfeitos, ñ sem antes alimentar os peixes com o farto pequeno almoço.
Desculpem os detalhes. No fundo, eu sei q nenhum de vcs se meteria numa roubada dessas. My only excuse is this long lonely wait.

A linda praia de Pedro Miguel


Freguesia de minha amiga Sandra, q ontem me levou a passear e me deu chazinho.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Resposta Geral a Todos que Perguntaram


Não, o Ricardo ñ chegou.
Não, ñ tenho notícias.
Sim, vou todos os dias ao SSB e chamo, mas eles ñ respondem.
Ainda uma vez, prometo avisar assim q tiver alguma notícia.
Enquanto isso, aproveitem a bela praia do Almoxarife.

Mais chuva


Fui hoje conhecer o q faltava do Faial q, diga-se de passagem, é menor q a Ilhabela. Não retiro nada do q disse, é uma ilha maravilhosa, linda, impressionante, mas bem q podia fazer sol, pelo menos uma vez por semana... Esse é o farol da Ribeirinha, q ninguém se preocupou em restaurar dpois do terremoto. Mas ñ vamos criticar o governo. Afinal, botaram lá uma plaquinha avisando que é bom ter cuidado, pq há perigo de desmoronamento(!).

O Lifeaholic se mandou


Pois é, pintaram, desamarraram e se mandaram para a Croácia. Já estou até vendo o Ricardo dar aquela desculpa: "é, mas o Lifeaholic é um Lagoon... anda muito mais q o Fountaine Pajot..."

O Pico


Já tinham me contado q tem um morro bem aqui na frente, q dá nome à ilha, o mais alto de Portugal, com 2.345mts. Tinha visto até uma foto do Príncipe Albert de Mônaco lá em cima, mas ver, ver mesmo, nunca. E depois de uma semana aqui, olhando todo dia sem ver nada, já estava achando q o tal Pico era conversa de pescador... O fato é q as nuvens ñ passam, moram aqui. Mas ei-lo que surgiu hoje, de repente. Sorte q saí disparada para fotografar, pq depois de um minuto, ele sumiu de novo. Gostaria q aparecesse com mais freqüência, pq será (seria) a primeira visão de terra que eles terão (teriam) ao se aproximarem...

Chegou o Jonense II



É absolutamente incrível q esses 3 argentinos tenham chegado aqui com esse caco velho. É um 30 pés de madeira, feito em 1963. Não tem piloto, só uma cana em condições deploráveis. O gps é aquele garmin de mão. E o mastro de madeira abriu, bem no trilho dos garrunchos. Eles amarraram com uns cabinhos, e vieram só de genoa. Agora estão esperando umas abraçadeiras de aço q o Altino encomendou do continente. De St. Maarten a Faial em 29 dias. Daqui, vão para a Croácia entregar o barco para seus novos donos. Parece q neste verão, a festa é mm na Croácia. Todo mundo está indo pra lá. Fiquei com muita pena dos argentinos, q ñ agüentam mais comer macarrão. Combinei de ir lá fazer uma comida pra eles, essa receita de bacalhau com repolho q a minha mãe me deu...

Chegou o Lifeaholic


Acabei de encontrar o Alex e o Jackson, q saíram de St. Maarten sábado, 26mai. Eles chegaram segunda, 11jun com o Lifeaholic. O Jackson mandou um abraço para a Maura, disse q ela é legal. O Alex mandou um oi para o Marcelo. Reclamaram bastante: q a viagem foi péssima, muita orça, mar batendo. E q Faial nunca tem tempo bom. O Alex já veio aqui 4 vezes e nunca viu sol. Falaram q o pessoal da Marina e da Imigração chamaram eles de Ricardo e de Marcelo. Por que será?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Chuva, vento e agonia



Recebi agora mais uma mensagem perguntando se ñ estou agoniada, dpois de ttos dias sem notícias. Foi a oitava vez q ouvi a mm pergunta. Não vou responder, nem para todos q perguntaram e nem para mim mm.
Hoje é dia 13 e chove forte. Essa é a imagem da entrada da Marina às 11 da manhã. O vento é 24kts, de leste (bem na cara para eles).
Ontem me falaram q os velejadores são gente muito estúpida: qdo estão no mar, só querem ver terra, e qdo estão em terra, ficam sonhando em voltar para o mar.
É verdade. Além do mais, soube agora q assaltaram a casa da Cláudia ontem.
Mas qdo tudo parece q vai dar certo, é fácil ser otimista, ñ tem nem graça.
O povo dos Açores é mais sábio: qdo o mar está ruim assim, xingam, esbravejam e dão gargalhadas.
Mm com essa chuva, vou agora ao mercado comprar vinho. Tal seria eles chegarem com esse mau tempo e ñ termos um bom vinho para comemorar.

terça-feira, 12 de junho de 2007

A pishcina do Varadouro


quando me convidaram para conhecer a pishcina do Varadouro, não pensei q fosse isso: uma piscina de água salgada incrustada nas pedras vulcânicas, invadida pelas ondas q quebram mais forte, assim a água se renova o tempo todo. É pública, qq um pode usar sem ter q pagar nada.

A maravilhosa praia do Varadouro,


q acaba de desbancar a Serraria na categoria "minha praia preferida".

O Varadouro

Terras q o vulcão criou


Estou em pé no farol, onde acabava a ilha antes da erupção. Toda essa "terra" q aparece na foto, foi o vulcão q fez. Mas aos pouquinhos, o mar está pegando seu território de volta. É o sul da ilha, onde o mar é mais furioso.

O porto dos Capelinhos depois do vulcão


Com a erupção no mar (era mar, hoje são montanhas de pedra e areia) o vulcão criou ilhas e pedras no lugar q era o porto dos Capelinhos. Hoje, os barcos ñ conseguem mais chegar nem perto da rampa.