sábado, 7 de julho de 2007

22 de junho


Às 09:59 falei com a Tina, do Enjoy, para pegar a previsão: 8kts SW. Mar calmo, de longos rolões. A pressão, que estava em 1028 ontem, caiu para 1027 hoje. Estamos bem no meio de uma "alta", típica aqui nesta época. Ontem na Rueda, rolou mais uma novela dessas q só têm a parte do meio: o Paulo, velejando com a mulher, achou um veleiro à deriva, de aço, chamado Coiros, bandeira inglesa, velas vermelhas em farrapos, gaiútas e vigias abertas, luzes de navegação acesas e bem fraquinhas. Chamou pelo rádio e nada. Encostou no contrabordo e gritou, mas ñ apareceu ninguém. Decidiu ir embora. Fica o mistério. O q teria acontecido com os tripulantes? Mas acho q eu tb ñ teria entrado. O comentário geral é q se fossem franceses, certamente teriam entrado para ver o q havia de bom para roubar no tal Coiros. Não fico chocada. Assim tb fazem os meninos pobres, quando algum caminhão capota na Dutra. A moral cristã faz mais sentido em campanha eleitoral do q no mar. Mas essa estória do Coiros desatou outras. Uma de um casal, ele navegador e ela fazendo sua primeira travessia. Quando ela acordou de madrugada para o turno, ele ñ estava mais lá. Ela foi achada 3 dias dpois (pelos logs de bordo) sentadinha num canto do cockpit, em estado de choque. Os especialistas acharam traços de um choque com baleia. Mas a moça teve sorte. Quando foi achada, prevaleceu a moral cristã à lei do mar. Outra estória foi de 2 casais velejando em um catamaran (mm setup q nós), lá no Caribe. Parece q há um erro na Carta, q ñ mostra um rochedo em forma de ferradura (Cayo Herradura). Dizem q é um lugar lindo, q forma uma piscina calma, com ondas quebrando logo ali fora. Parece q muitos sabem do erro na Carta, mas esse catamaran ñ sabia e bateu no rochedo. Dos 4 a bordo, morreram 3 e uma ficou ferida. Por que morreram? Pq ñ seguiram a regrra do Wilfrredo. No barrco do Wilfrredo, ninguém dorme de cabeça para a prroa. Enfim, contam q havia vários barcos ancorados na piscina e as tripulações acordaram com o barulho do impacto. Enquanto discutiam sobre como ajudar, assistiram a um tétrico espetáculo de aplicação da lei do mar. Um dinghy abordou o cat acidentado e dois franceses entraram no barco, enquanto um terceiro ficou no dinghy. Rapidamente, os 2 foram passando de tudo: eletrônicos, equipamentos, roupas de tempo, motorzinho de popa et al. Com o dinghy cheio, os 3 voltaram para seu veleiro e se mandaram em silêncio, ainda no escuro da noite. Nossos amigos latinoamerinacos ñ conseguiram mais dormir e qdo clareou, foram lá para socorrer a ferida e constatar a morte dos outros 3. A família q socorreu a moça ferida ficou 3 meses retida para responder a um inquérito da polícia marítima. Dos franceses, ñ se soube mais nada. Talvez nem fossem franceses, mas a fama... Estamos boiando, o vento real é 0.0. Estamos concorrendo para o recorde de travessia lenta em catamaran. O 6mil continua levando o barco sozinho, frio. É belo o Atlântico Norte, especialmente quando o sol se põe. Ficamos sentados no último degrau da escada, com os pezinhos na água: 2479mts de profundidade. Hoje apareceu uma baleia, mas foi logo embora. Continuo encantada com este barco maravilhoso, mm com os 3 me ameaçando d q eu "vou ver só" quando virar o tempo.

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